Transtorno de Humor: Afetivo Bipolar

Oscilações e mudanças de humor entre alegria e tristeza são normais em nosso cotidiano, entretanto, oscilações de humor de forma marcante e patológica, muito diferentes do normal são características marcantes do Transtorno Bipolar do Humor – novo termo dado a psicose maníaco-depressiva – episódios de Mania, Hipomania, Depressão e Mistos (depressão e mania) comumente estão presentes. Com grave impacto na vida do paciente, de sua família e da sociedade, causando prejuízos frequentes em vários setores da vida do indivíduo, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento psicológico. Manifesta-se em igual proporção entre mulheres e homens, segundo o CREMESP,
acometendo aproximadamente 1 a 2% da população mundial, a OMS considera o transtorno bipolar a sexta maior causa de incapacitação atualmente.

Este transtorno é caracterizado por episódios repetitivos, ao menos dois, em que o humor e os níveis de atividade estejam significativamente perturbadas por alterações de humor e atividade. O tempo de um episódio de mania costuma durar de duas semanas até quatro meses e um episódio depressivo tende a durar mais tempo, de seis meses a um ano.

Em ocasiões de aumento abrupto no humor (hipermania) gera-se uma disposição para tudo e pode ser desordenada a tal ponto de não realizar nenhuma tarefa corretamente ou sem conseguir terminá-las dado o excesso de animação, exaltação, euforia e alegria exagerada e duradoura; irritabilidade, impaciência e incapacidade para concentrar-se; agitação, inquietação física e mental; otimismo e confiança exageradas; pouca capacidade de julgamento e dificuldade em discernir; gastos excessivos; desinibição e expansividade; idéias grandiosas; aumento da libido;  pensamentos acelerados, fala muito rápida, pulando de uma idéia para outra, tagarelice; insônia e outros. A hipomania geralmente passa despercebida por ser confundida com estados normais de alegria, pode durar no mínimo dois dias.

Já em outras ocasiões surge um rebaixamento de humor, energia e atividade a ponto de caracterizar um episódio depressivo de intensidade leve, moderada ou grave: com humor melancólico, depressivo; irritabilidade e inquietação; baixo interesse ou perda de prazer em atividades habitualmente interessantes; excesso de sono ou incapacidade de dormir; sentimentos de tristeza, vazio, ou aparência chorosa/melancólica; perda ou aumento de apetite/peso, mesmo sem estar de dieta; fadiga e dores no corpo não provocados por doenças ou lesões físicas; pessimismo; dificuldade de concentração e memória e baixa capacidade em tomar decisões;  pensamentos de morte ou suicídio, planejamento ou tentativas de suicídio.

Há uma terceira possibilidade de episódio, o estado misto, caracterizado por sintomas depressivos e maníacos acentuados acontecendo simultaneamente; sentir-se deprimido em um período do dia, da manhã, por exemplo e ao passar do dia eufórico, ou vice-versa. Os sintomas freqüentemente incluem agitação, insônia e alterações do apetite. Nos casos mais graves, podem haver sintomas psicóticos (alucinações e delírios) e pensamentos suicidas.

Os padrões familiares de comportamento tendem naturalmente a se repetirem, ora por fatores genéticos, ora por comportamentos apreendidos a iniciar na infância, geralmente com sintomas como irritabilidade intensa, impulsividade e aparentes “tempestades afetivas”. Um terço dos indivíduos manifestará a doença na adolescência e quase dois terços, até os 19 anos de idade.

A frequência e o padrão de remissões e recaídas cíclicas nos episódios são muito variáveis e tendem a se tornar muito breves quando o paciente não recebe acompanhamento adequado. Não há exames de imagem ou laboratoriais que auxiliem o diagnóstico. O tratamento deste transtorno deve ser acompanhado por psiquiatra e psicólogo para maior resolutividade com o apoio, compreensão e interesse da família.

Há casos em que o paciente sabota o próprio tratamento seja de forma consciente ou inconsciente, o mais comum. No episódio depressivo o paciente se culpabiliza dado o negativismo típico da depressão e por conscientizar-se de seus comportamentos inadequados durante o(s) episódio(s) de mania. No episódio maníaco a sabotagem no tratamento ocorre a fim de estender a sensação de euforia típica do momento.  Neste sentido a psicoterapia é fundamental, traz ao paciente um aprimoramento crítico quanto ao caráter patológico de alguns comportamentos e trabalha o auto-controle, fortalecendo a adesão e a melhora do tratamento. 

Comentários

  1. sou bipolar.tomo sertralina,tioridazina e litio.não consigo fazer terapia pois não confio em ngm...fiz várias vezes e parei...me sinto incomdada e invadida....eh normal?

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  2. É fundamental sentir-se bem e confortável com o profissional escolhido, o vínculo é fundamental para que a psicoterapia possa acontecer. Sugiro que fale sobre o incômodo com seu psicoterapeuta ou busque outra linha de atendimento profissional.

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  3. Olá, fui diagnosticada com a doença a 4 meses mas quando os sintomas apareceram estava entrando na adolescência. Gostaria de saber se apesar de tanto tempo, ainda é possível voltar a memorizar, concentrar como antes? Pois sou universitária e apesar de estar fazendo tratamento minha memoria está muito defasada.

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    1. Cada caso deve ser avaliado mediante suas especificidades e pessoalmente, não pela internet.

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