Automutilação

Um ciclo que algumas pessoas que se mutilam estão presas por não saberem lidar com o sentimento de raiva. Imagine que um soco na parede pode até ajudar a extravasar a raiva, além de machucar a mão. Mas imagine uma pessoa que sempre que ficasse com raiva batesse a mão na parede? E que essa pessoa não consiga e não saiba enfrentar a raiva de outras formas...

A automutilação é um problema emocional em que o sujeito induz e causa propositadamente agressões diretas ao próprio corpo, provocando sangramento ou dor (cortar, queimar, furar, bater, esfregar excessivamente) mas sem a intenção de cometer suicídio. A intenção da automutilação é aliviar algum sofrimento emocional, sentimentos de raiva, angústia, tristeza “vazio interior”. Emoções sentidas de forma muito intensa e descritas como “insuportáveis” fazem com que a pessoa se mutile para sentir alívio momentâneo.

As lesões são quase sempre superficiais e feitas as escondidas em ponto de fácil acesso, como braços, pernas, tórax e abdômen. Lesões mais graves podem acontecer, mas a intenção inicial é sempre fazer algo superficial, secreto e oculto. Quando a automutilação se mantém por meses, os episódios de cortes tendem a ficarem mais intensos e frequentes, podendo aumentar o risco e tentativas de suicídio ou morte acidental.

A maioria das pessoas que se mutilam mencionam quanto a intensidade insuportável de angustia e sentimentos negativos, como a raiva, ansiedade, tristeza, culpa sensação de perda de controle, vazio. O aumento da tensão emocional gera uma dificuldade em lidar com as próprias emoções, então ocorre a mutilação, e gera um alívio momentâneo, mas logo vem a culpa, a vergonha, a frustração, o arrependimento ou a raiva de si mesmo formando o ciclo.

Vale acrescentar que pessoas com histórico de automutilação tendem a evoluir para inúmeras tatuagens, na intenção de ser socialmente aceito e mais auto aceitável também.

Alguns aspectos psicológicos levam a automutilação, são comuns:

* Pessoas que apresentam inadaptação psicológica em enfrentar, aceitar e a lidar com questões que tragam sentimentos ruins/negativos;

* Pessoas que tenham tido experiencias traumáticas na infância – já que, altos níveis de estresse na infância resultam em maior dificuldade para expressar e administrar emoções de modo saudável na adolescência e vida adulta. – como por exemplo, abuso sexual, doença ou morte de algum familiar, violência física ou psicológica, separações ou outros conflitos familiares, negligência, dependência de álcool de um dos pais.

* Pessoas tímidas e também introspectivas tendem a ter dificuldade para nomear e expressar seus sentimentos, e assim encontrar modos mais satisfatórios em resolver conflitos para diminuir ou minimizar próprias as próprias angústias.

* Pessoas pessimistas tendem a ter a clareza de que as coisas darão errado e fortalecem a desesperança no futuro, assim como a insegurança e baixa autoestima. Tendem a se sentirem inúteis, feias, menos inteligentes e podem chegar a ter a distorção de imagem corporal.

* Pessoas impulsivas comumente têm instabilidade emocional, o que faz a pessoa transitar entre diversos sentimentos e emoções de forma rápida e reativa, sendo muito sensível aos estímulos emocionais que recebe.


Se você conhece alguém que se automutila saiba que:
*Atitudes repreensivas só deixarão o adolescente mais retraído e não ajudam em NADA;
*Tente reagir diante de alguém que estivesse chorando, acolha.
*Converse mais sobre sentimentos do que sobre os cortes. A causa e não a consequência.
*Auxilie na busca por um profissional, pois pode piorar.
*Talvez seja importante a modificação de alguns comportamentos na dinâmica familiar, por isso é importante envolver a família no tratamento.

A psicoterapia cognitiva comportamental, nestes casos vem na intenção de potencializar:

- A interrupção e a desconstrução de padrões de comportamento impulsivo;

- Minimizar dificuldades no relacionamento interpessoal favorecendo convívio social;

- Proporcionar regulação das respostas emocionais visando maior assertividade.

- Aliviar sofrimento emocional interferindo na causa de gatilho, ampliando asssim, maior consciência e clareza dos sentimentos.


Psicóloga Carla Ribeiro *Whatsapp +5513981148567

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