Mentira desenfreada: mitomania.

Suas histórias não têm limites, do drama à ficção científica a necessidade de mentir torna-se cada vez mais forte e perigosa. Normalmente começa na infância diante de um fato marcante do qual a criança prefere não aceitar e fantasia, o que até certo ponto se é permissível a idade, pois afinal quem nunca foi criança e viveu no mundo da fantasia? Entretanto há casos em que esta fase se prolonga a tal ponto que ultrapassa a beira da normalidade e esbarra na psicopatologia.

A fantasia durante a infância é positiva e necessária para a construção da personalidade, na medida em que a criança cresce, ela toma consciência das variantes que o mundo apresenta e da sua fragilidade diante dessas diversidades. Neste momento há maior busca por segurança, pois, descobre-se que o mundo não é tão “cor de rosa”, então, o sujeito busca recursos internos (dele mesmo) e externos (referências, seja na família, na escola ou na rua...) para este enfrentamento acontecer. A mitomania ocorre por uma fraqueza destes recursos, além dos exemplos em comportamentos apreendidos e até reforçados por nossa sociedade que busca a construção de pessoas competitivas, promissoras e vitoriosas.

A mentira traz a tona uma realidade falseada que pode conduzir aos ganhos secundários, como: atestados no trabalho; na escola por doenças que inventadas e outros. Mas há aquelas pessoas que de fato acreditam com tal veracidade em suas próprias mentiras a ponto de  torná-las parte de sua vida (um sujeito que diz ser médico, que não possui se quer segundo grau completo e executa a medicina) e aqueles que mentem e preservam níveis de consciência crítica (um sujeito que diz ser médico, que não executa a medicina, mas que só necessita supostamente de prestígio e aceitação, segundo ele mesmo). Em ambos os casos, em diferentes graus, a mitomania está presente e precisa ver considerada e avaliada com as particularidades de cada caso.   

O sujeito passa a ser refém de sua fantasia ao passo que almeja ser o objeto de atenção e aparentar aquilo que realmente não é. Teme excessivamente o julgamento e a desaprovação das pessoas; crê ser desinteressante e inferior perante aos demais; reluta em se envolver socialmente, salvo em situações em que é absolutamente apreciado... Um refém! E não há como fugir de ser por vezes flagrado, afinal “mentira tem perna curta”!


O sofrimento é íntimo e incalculável, tanto para quem mente, quanto para quem descobre as mentiras... os prejuízos são intensos, seja na vida profissional à amorosa, da demissão à separação conjugal. E assim, ao passo em que o sujeito entra em contato consigo mesmo, nestes momentos de decepção ou ele nega, nega e retorna a mentir; ou assumi suas falhas e busca auxílio e tratamento.

Embora as palavras soltas ao vento cheguem a lugares que não possamos imaginar, os danos causados aos envolvidos: familiares, amigos e filhos pode não ter volta. Mas ainda sim é possível lutar pela conquista de relacionamentos valiosos do que persistir na fantasia e na fraqueza daquilo que nunca se chegou a ser. A psicoterapia propicia um auto conhecimento, o fortalecimento do ego e auxilia a ressignificar o passado com o conhecimento e a experiência do hoje, um presente para àqueles que ousam e não temem tentar. 

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