Avaliação psicológica no contexto da cirurgia bariátrica
A
cirurgia bariátrica é uma intervenção cirúrgica e deve ser considerada a
última opção de tratamento para a obesidade, devido aos riscos que
devem ser considerados menores diante da gravidade do quadro de saúde
global do paciente, o qual deve ser avaliado e identificado por uma
equipe de saúde composta por diferentes profissionais, médico cirurgião
e/ou endocrinologista, médico anestesiologista, nutricionista,
psicólogo, fisioterapeuta, conforme a Portaria nº 492 do Ministério da
Saúde, de 31 de agosto de 2007.
A obesidade ocorre em função do balanço energético positivo, ou seja, quando
a ingestão de nutrientes supera o gasto energético, segundo
Dâmaso, et al. (2009). Classifica-se a obesidade em dois grandes
grupos, sendo:
1. Exógena: causada por fatores externos ao indivíduo, como, por exemplo, hábitos alimentares inadequados, estresse, sedentarismo, fatores culturais e condições de trabalho.
2.
Endógeno: causada por fatores diretamente relacionados ao indivíduo,
como, por exemplo, gravidez, menopausa, fatores genéticos e distúrbios
hormonais.
A Organização Mundial de Saúde, (OMS) define como preditor internacional da obesidade o índice de massa corporal (IMC) para a verificação do peso ideal, sendo este a divisão da massa corporal em quilos pela altura em metros ao quadrado, (IMC= Kg / m²) fórmula desenvolvido pelo belga Lambert Adolphe Jacques Quételet, em 1835.
Mediante a portaria nº 492, de 31 de agosto de 2007, cabe citar os tipos de cirurgia bariátrica, sendo:
1. banda gástrica ajustável;
2. gastroplastia vertical com banda;
3. desvio com Y gástrico de Roux (sendo esta a técnica mais utilizada em todo o mundo);
4.
derivação bilio-pancreática ou Switch Duodenal. A forma de realização
destas pode ser ou por via direta (aberta) ou via laparoscópica
(fechada).
Critérios de indicação à cirurgia bariátrica
Cabe destacar os critérios para a indicação à cirurgia bariátrica seguindo a portaria nº 492, de 31 de agosto de 2007,
observa-se que os três primeiros critérios qualificam a inclusão e os
três últimos deverão ser reavaliados posteriormente, a não ser que haja
cumprimento.
1. possuir o IMC maior ou igual a 40,0;
2.
possuir o índice de massa corporal (IMC) entre 35 e 39,9 caso o
paciente apresente complicações de saúde tais como: hipertensão
arterial, diabete, dislipidemia, doenças articulares degenerativas,
outras doenças determinadas pela obesidade;
3. evidência de insucesso no tratamento clínico realizado há, pelo menos, dois anos;
4. garantia do apoio familiar em todas as etapas do tratamento;
5.
compromisso com avaliação pré-operatória rigorosa (psicológica,
nutricional, clínica cardiológica, endocrinológica, pulmonar,
gastroenterológica, anestésica, laboratorial e por imagem);
6. compromisso consciente do paciente e familiares em participar de todas as etapas da programação.
Critérios da NÃO indicação à cirurgia bariátrica
Cabe destacar os critérios para a exclusão à cirurgia bariátrica seguindo a portaria nº 492, de 31 de agosto de 2007. Os critérios de NÃO indicação são a evidência de qualquer um dos itens abaixo:
1. psicose;
2. tentativa prévia de suicídio;
3. presença de bulimia;
4. dependência de álcool e outras drogas;
5. doenças associadas que aumentam o risco cirúrgico;
6. idade menor que 16 e maior do que 65 anos;
7. desajuste familiar impeditivo.
Em virtude da alta complexidade do processo cirúrgico e da incidência de doenças físicas e transtornos psicológicos associados à população obesa, a portaria fragmenta o procedimento da cirurgia em três grandes blocos, são eles: preparo pré-operatório; procedimento cirúrgico; acompanhamento pós-operatório. Destes, o primeiro bloco é fragmentado em três fases: fase inicial, fase secundária e fase terciária.
Dos três grandes blocos citados acima pela portaria, me cabe ressaltar aqueles em que a Psicologia atua: no pré-cirúrgico, nas fases inicial (avaliação psicológica) e secundária (acompanhamento multidisciplinar) e no pós-cirúrgico.
Aqui
vou mencionar a avaliação psicológica, neste diagrama fica mais fácil e
didático vislumbrar a dinâmica dos atendimentos e sua sequencia.