Asperger - Transtornos do Espectro Autista (TEA)
A síndrome de Asperger, pode ser entendida como um abismo mais leve e como uma vida mais funcional. Desde 2013 o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, elaborado pela APA - Associação Americana de Psiquiatria) não mais o considera de forma isolada e, assim, foi incorporado aos Transtornos do Espectro Autista (TEA). Essa classificação permanece no DSM - 11. Por essa razão, atualmente falamos de "autismos" e não apenas em "autismo".
Nesta Síndrome, há dificuldade para expressar-se, mas não há ausência de sentimento. O modo de expressar-se e lidar com o afeto tem suas particularidades. Quanto antes diagnosticado melhor, pois aumenta a possibilidade de trabalhar a disposição do indivíduo para com a interação social e seu limiar à frustração. Assim, uma criança com a síndrome poderá melhor apreender e vivenciar as regras de convívio social e transpor limitações, minimizando as resistências para buscar uma vida saudável.
O que vêm então a ser os TEAs? São
compreendidos como um conjunto heterogêneo de déficits no desenvolvimento
comportamental, motor e/ou de linguagem, de causa multifatorial. Os indivíduos
com Asperger apresentam algumas dessas características, entre elas:
· Déficit
significativo para reciprocidade social ou emocionanal;
· Dificuldades na
socialização (baixa capacidade de fazer amizades);
· Maneira
peculiar de pensar, falar e atuar, com linguagem prolixa acentuadamente
pedante, formal e não usual, com dificuldade de entender uma linguagem
mais abstrata ou figurativa;
· Conversa unilateral,
geralmente sem muita troca com o interlocutor;
· Habilidades
intelectuais preservadas, com intenso foco em determinado assunto ou
conhecimento. Ainda que muitas vezes possam mostrar-se extremamente capazes
intelectualmente em uma determinada área, sob interesses restritos, podem vir a
apresentar inclusive dificuldades de aprendizagem em questões fora do foco
determinado, principalmente quando é exigida uma compreensão mais simbólica;
· Falta de empatia, por
apresentarem dificuldades em se colocar no lugar do outro, de entenderem as
necessidades e perspectivas emocionais daqueles com falta de empatia;
· Alguns
apresentam movimentos descoordenados;
· Muitos se isolam em
“seus próprios mundos”;
· Limitação para criar
relacionamentos apropriados, ao nível do seu desenvolvimento, com seus pares;
· Ausência de tentativa
espontânea de partilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas;
· Restrição alimentar com
predileções ou aversões ora pelo aspecto, ora pela corânica, ou cor dos
alimentos.
Na escola o desafio aumenta, pois
com os fatores descritos acima e, com a baixa tolerância à frustração da criança
com esta síndrome, proporciona maior vulnerabilidade emocional e dificuldade no
relacionamento interpessoal. Porém, a inteligência e memória acima da média
porporcionam o bom desenvolvimento da aprendizagem.
As relações são facilitadas quando o professor desempenha o papel de mediador, identificando o tema de maiores interesses e fixações da criança com SA. Assim, a integração a longo prazo é muito positiva além de ampliar o repertório de interesses. As mudanças constantes de professores podem dificultar em muito a adaptação da criança com SA, e assim, contribuir para a compreensão de um ambiente imprevisível e não seguro. Há necessidade de rotina, pois o funcionamento psíquico destas crianças, de modo geral, é muito rígido, e tão logo é necessário que elas saibam o que as espera em um primeiro momento. Em um segundo momento, já vinculadas ao professor, com cautela, é necessário afastar o temor pelo desconhecido.
A orientação psicológica à escola e ao grupo de profesores, por vezes se faz necessária quando um caso chega ao atendimento clínico no consultório. Olhar o paciente como um todo, estimular e propiciar o seu desenvolvimento é uma responsabilidade ética, profissional e social (escola, família, comunidade, etc.), o fortalecimento de uma rede de apoio, sob a mesma linguagem e o consenso da compreensão sobre cada criança com a síndrome de asperger e suas particularidades é fundamental.
Segue abaixo um trecho do filme "Mary e Max" o qual recomendo apenas para pais e professores. O filme abarca questões da síndrome, do alcolismo, do pré-conceito sobre obesidade, cleptomania, diferenças religiosas e muito mais.
FOMBONNE, E. Epidemiological Surveys of Autism and Other Pervasive Developmental
Disorders: An Update. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 33, n. 4, p. 365-
382, 2003
Disorders: An Update. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 33, n. 4, p. 365-
382, 2003
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