O ato de comer
O que se consome varia em uma infinidade de opções
e combinações, dentre muitas técnicas de preparo, modo de ingestão e de ir à
mesa aliado à diferentes crenças, tradições e outras questões culturais. No ato
de comer e também de compartilhar a comida surgem laços, histórias e se
constroem outras.
Os hábitos alimentares passam a incomodar e chamar
atenção quando se perde o controle e a decisão diante do ato de comer e o que é
ingerido. Assim, a alteração no desejo com a falta de controle se mesclam e se
constituem sob um prisma nada saudável envolvendo grande sentimento de culpa,
que se mantido em longo prazo, tende a se caracterizar em alterações no
comportamento alimentar, no
humor, na autoestima, e até no metabolismo.
Geralmente estas alterações no comportamento
alimentar são multicausais, tais como: reflexo à vivências e adversidades na
rotina do sujeito, alterações na imagem corporal, situações pós-traumáticas,
hábitos alimentares familiares, estilo de vida, traços de personalidade de
ansiedade e histórico pessoal, comorbidades a transtornos mentais e físicos,
reações a tratamentos de saúde e até a medicamentos que podem influenciar e
interferir no metabolismo.
Assim, diferentes transtornos alimentares passam a
se constituir, como anorexia, bulimia, compulsão alimentar periódica,
transtorno alimentar sem outra especificação e obesidade. Todos são divergentes
e possuem suas especificidades no curso de sua manifestação. O que requer
avaliação de profissionais capacitados para tal.
A avaliação psicológica em casos com suspeita de
transtornos alimentares e obesidade consiste em avaliar o perfil psicológico
com entrevistas e testes, escalas alimentares, o estilo de vida, histórico
familiar, hábitos alimentares, comportamentos desadaptativos e de adequação
diante de situações de conflito para o paciente em sua rotina.
O curso do tratamento muitas vezes requer o
envolvimento de outros profissionais de saúde além do psicólogo, tais como
clínico geral ou endócrino, gastro, nutricionista e educador físico. Pois as
causas geralmente são múltiplas e assim requer diferentes olhares para compor a
complexidade necessária de cada caso.
Quanto ao acompanhamento psicológico, é imprescindível
a disposição do paciente em analisar e revisar, junto ao terapeuta, estratégias
comportamentais e ressignificar sentidos, a fim de consolidar transformações
não só na sua relação com a comida mas também com o mundo que o cerca.
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