O ato de comer

Comer além de nutrir é um ato de união, de comemorar algo com alguém e sobretudo de prazer. Colecionamos ao longo da vida inúmeras recordações gustativas e histórias em torno das comemorações e datas festivas. Preferências, pratos e guloseimas dos mais variados que marcam a infância e diferentes gerações. Assim os hábitos alimentares nos constituem e reafirmam a imagem pessoal, a identidade de si mesmo e da cultura a qual pertencemos. Sim! O que você come, o modo como lida com o alimento e como ele se faz presente em sua rotina diz muito sobre você!

O que se consome varia em uma infinidade de opções e combinações, dentre muitas técnicas de preparo, modo de ingestão e de ir à mesa aliado à diferentes crenças, tradições e outras questões culturais. No ato de comer e também de compartilhar a comida surgem laços, histórias e se constroem outras.

Os hábitos alimentares passam a incomodar e chamar atenção quando se perde o controle e a decisão diante do ato de comer e o que é ingerido. Assim, a alteração no desejo com a falta de controle se mesclam e se constituem sob um prisma nada saudável envolvendo grande sentimento de culpa, que se mantido em longo prazo, tende a se caracterizar em alterações no comportamento alimentar, no humor, na autoestima, e até no metabolismo.

Geralmente estas alterações no comportamento alimentar são multicausais, tais como: reflexo à vivências e adversidades na rotina do sujeito, alterações na imagem corporal, situações pós-traumáticas, hábitos alimentares familiares, estilo de vida, traços de personalidade de ansiedade e histórico pessoal, comorbidades a transtornos mentais e físicos, reações a tratamentos de saúde e até a medicamentos que podem influenciar e interferir no metabolismo.

Assim, diferentes transtornos alimentares passam a se constituir, como anorexia, bulimia, compulsão alimentar periódica, transtorno alimentar sem outra especificação e obesidade. Todos são divergentes e possuem suas especificidades no curso de sua manifestação. O que requer avaliação de profissionais capacitados para tal.

A avaliação psicológica em casos com suspeita de transtornos alimentares e obesidade consiste em avaliar o perfil psicológico com entrevistas e testes, escalas alimentares, o estilo de vida, histórico familiar, hábitos alimentares, comportamentos desadaptativos e de adequação diante de situações de conflito para o paciente em sua rotina.

O curso do tratamento muitas vezes requer o envolvimento de outros profissionais de saúde além do psicólogo, tais como clínico geral ou endócrino, gastro, nutricionista e educador físico. Pois as causas geralmente são múltiplas e assim requer diferentes olhares para compor a complexidade necessária de cada caso.

Quanto ao acompanhamento psicológico, é imprescindível a disposição do paciente em analisar e revisar, junto ao terapeuta, estratégias comportamentais e ressignificar sentidos, a fim de consolidar transformações não só na sua relação com a comida mas também com o mundo que o cerca.


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