Duplo Vínculo lhe afeta em suas relações?
Muito mais que um mal entendido na comunicação, o duplo vínculo é um modo de se relacionar, são mensagens verbais e/ou comportamentais que se mesclam para formar um duplo sentido, uma em contraposição à outra e enviadas simultaneamente em uma mensagem. Trata-se de uma forma de negar e afirmar algo ao mesmo tempo e transmitir isso através do mesmo canal de comunicação, pela fala, ou por canais de comunicação diferentes, fala e expressões gestuais ou faciais.
O duplo vínculo é uma comunicação repleta de ambiguidade que confunde, desorienta, tornando o sujeito que recebe as mensagens com baixa autoestima pelo receio em solicitar algo, e inseguro pela incerteza de entender completamente a comunicação a ponto de pôr em dúvida se é amado e aceito pelo outro ou não.
O comportamento de quem recebe a mensagem é afetado por diversas/constantes comunicações, sejam elas verbais e não-verbais mediante expressão corporal. Pode-se dizer que, todo comportamento envolvido no ato de uma mensagem constitui a comunicação; e que toda a comunicação, não só através da fala, afeta o comportamento.
Vejamos alguns exemplos de situações duplo-vinculadoras entre pai e filha: o pai chama o bebê de dois anos dizendo "vem cá minha tranqueirinha remelenta", ou "lá vem o terrorista lindo do papai". Ou depois da criança ir se esconder inúmeras vezes atrás do armário, para ela não se sujar de pó a mãe diz "tem um monstro lá trás"... quando entende que o bicho poderia tê-la pego antes sem aviso... sente-se desprotegida de não amada. Logo, a criança ao invés de receber uma fala plenamente motivadora para correr e se jogar nos braços do pai e aconchegar em um abraço, sente-se insegura por falas que demonstram ambivalência.
Com onze anos, a menina conta feliz ao pai que beijou o menino que gostava da escola, querendo assim compartilhar sua experiência. O pai senta no sofá com a mão nos olhos em lágrimas e diz "Putz, estou feliz por você filha, tão nova...". O pai lhe diz estar feliz por sua filha ir de encontro a descobertas da idade e, ao mesmo tempo, não consegue conter as lágrimas e sentimentos ambíguos ao afirmar isso. Na verdade, está dizendo em palavras ser natural e saudável o momento da filha, mas afirma também pelas lágrimas que isto o decepciona, de alguma forma.
Embora não tenha realmente dito isso, foi comunicado que o beijo da filha provoca desconforto do pai. Isso produz o sentimento de culpa na filha e autorepressão que, em consequência, pode abdicar de seus desejos libidinosos e da pouca autonomia que vinha conquistando. Nesse caso foram utilizados dois canais de comunicação a fala e a expressão corporal na mensagem duplo-vinculadora. Não se utilizou uma linguagem direta, sincera e objetiva. Seria acertivo que o pai mostrasse a filha sua opinião de modo esclarecedor, orientado-a para este momento.
Mensagens de duplo vínculo, resultam em confusão que vai deformando, alterando a compreensão dos fatores e modificando comportamento que levam mitos jovens, inclusive, a mentir dentre outros.
No caso da criança que foi sempre educada em ambiente familiar com duplo vínculo pelo pai e/ou pela mãe pode vir a se tornar apática, impotente e caso haja histórico familiar de esquizofrenia, poderá vir facilmente a desenvolver este ou outros transtornos mentais, tornando-se cada vez mais distante de seus próprios desejos.
A criança cresce desestimulada a se comunicar já que sente reprovação, alimentando inseguranças dificultando auto expressão.
A formação da criança está totalmente relacionado com a sua hereditariedade 50% e seu meio social 50% . É fácil observar indivíduos do cotidiano que atuam desta forma sem conhecimento. Quantas vezes você ou outro já disse que está bem quando na verdade você percebe no tom de voz que não está nada bem? Pois é...
É mais saudável ser sincero, dizendo um não do que transmitir uma mensagem dúbia por cordialidade. Permita-se ser, prioritariamente, ser sincero consigo mesmo, respeite seus limites e sua humanidade. Cuide-se bem e busque psicoterapia se precisar de assistência.
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BENOIT, Jean-Claude. Vínculos Duplos Paradoxos familiares dos esquizofrênicos. São Paulo, Zahar, 1982
JACCARD, Roland. A loucura. São Paulo, 1º ed., Zahar Editores S.A., 2011.
WATZLAWICK, Paul e BEAVIN, Janet H. e JACKSON, Don D. Pragmática da comunicação humana: um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da interação. São Paulo, Ed.Cultrix, 2007
O duplo vínculo é uma comunicação repleta de ambiguidade que confunde, desorienta, tornando o sujeito que recebe as mensagens com baixa autoestima pelo receio em solicitar algo, e inseguro pela incerteza de entender completamente a comunicação a ponto de pôr em dúvida se é amado e aceito pelo outro ou não.
O comportamento de quem recebe a mensagem é afetado por diversas/constantes comunicações, sejam elas verbais e não-verbais mediante expressão corporal. Pode-se dizer que, todo comportamento envolvido no ato de uma mensagem constitui a comunicação; e que toda a comunicação, não só através da fala, afeta o comportamento.
Vejamos alguns exemplos de situações duplo-vinculadoras entre pai e filha: o pai chama o bebê de dois anos dizendo "vem cá minha tranqueirinha remelenta", ou "lá vem o terrorista lindo do papai". Ou depois da criança ir se esconder inúmeras vezes atrás do armário, para ela não se sujar de pó a mãe diz "tem um monstro lá trás"... quando entende que o bicho poderia tê-la pego antes sem aviso... sente-se desprotegida de não amada. Logo, a criança ao invés de receber uma fala plenamente motivadora para correr e se jogar nos braços do pai e aconchegar em um abraço, sente-se insegura por falas que demonstram ambivalência.
Com onze anos, a menina conta feliz ao pai que beijou o menino que gostava da escola, querendo assim compartilhar sua experiência. O pai senta no sofá com a mão nos olhos em lágrimas e diz "Putz, estou feliz por você filha, tão nova...". O pai lhe diz estar feliz por sua filha ir de encontro a descobertas da idade e, ao mesmo tempo, não consegue conter as lágrimas e sentimentos ambíguos ao afirmar isso. Na verdade, está dizendo em palavras ser natural e saudável o momento da filha, mas afirma também pelas lágrimas que isto o decepciona, de alguma forma.
Embora não tenha realmente dito isso, foi comunicado que o beijo da filha provoca desconforto do pai. Isso produz o sentimento de culpa na filha e autorepressão que, em consequência, pode abdicar de seus desejos libidinosos e da pouca autonomia que vinha conquistando. Nesse caso foram utilizados dois canais de comunicação a fala e a expressão corporal na mensagem duplo-vinculadora. Não se utilizou uma linguagem direta, sincera e objetiva. Seria acertivo que o pai mostrasse a filha sua opinião de modo esclarecedor, orientado-a para este momento.
Mensagens de duplo vínculo, resultam em confusão que vai deformando, alterando a compreensão dos fatores e modificando comportamento que levam mitos jovens, inclusive, a mentir dentre outros.
No caso da criança que foi sempre educada em ambiente familiar com duplo vínculo pelo pai e/ou pela mãe pode vir a se tornar apática, impotente e caso haja histórico familiar de esquizofrenia, poderá vir facilmente a desenvolver este ou outros transtornos mentais, tornando-se cada vez mais distante de seus próprios desejos.
A criança cresce desestimulada a se comunicar já que sente reprovação, alimentando inseguranças dificultando auto expressão.
A formação da criança está totalmente relacionado com a sua hereditariedade 50% e seu meio social 50% . É fácil observar indivíduos do cotidiano que atuam desta forma sem conhecimento. Quantas vezes você ou outro já disse que está bem quando na verdade você percebe no tom de voz que não está nada bem? Pois é...
É mais saudável ser sincero, dizendo um não do que transmitir uma mensagem dúbia por cordialidade. Permita-se ser, prioritariamente, ser sincero consigo mesmo, respeite seus limites e sua humanidade. Cuide-se bem e busque psicoterapia se precisar de assistência.
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BENOIT, Jean-Claude. Vínculos Duplos Paradoxos familiares dos esquizofrênicos. São Paulo, Zahar, 1982
JACCARD, Roland. A loucura. São Paulo, 1º ed., Zahar Editores S.A., 2011.
WATZLAWICK, Paul e BEAVIN, Janet H. e JACKSON, Don D. Pragmática da comunicação humana: um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da interação. São Paulo, Ed.Cultrix, 2007